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Preguiça

21 fevereiro 2008

A morte é covarde,
Foge ao compromisso.
Quando encostada à parede,
A morte é batoteira.

A morte escolhe o caminho mais fácil:
Ela própria.

Como num buraco negro,
Os corpos à volta da morte
São parábolas e hipérboles,
Incertos, desalinhados, engolidos.

A morte não escolhe,
Ela tira à sorte.

Não existe destino,
Nem religião,
Nem superstição,
Ela tira à sorte.

A morte é preguiça,
Tem a roupa no chão
E a louça na banca.

Ao Tio Mário

7 __:

Ga b riel Ba lta zar disse...

Grande poema. Muito bem Daniel. Sinceramente um dos melhores teus que já li.

De facto a Morte tira à sorte! Não há justificação possível para ela. Ela tira à sorte.

Abraço ;)

Alff disse...

Além de pregiçosa, a morte é também ela inevitável! e isso é que é pena!

Bonita forma de transmitires pensamentos!

* ;)

Alff disse...

Caramba, ainda á pouco cá istive e CA.BOOM

nova edição do enche vácuos!

já te perguntei porque é que a vaca vai ao espaço?

Daniel Simões disse...

A vaca vai ao espaço para ir ter com o vácuo. Admiro-me por ninguém ter feito essa pergunta antes.

O novo aspecto é para variar um pouco.

Obrigado pelos comentários.

Anónimo disse...

Gosto do novo template.



a morte


atira-nos contra a dor.


e dói.



Beijo.

Elsa disse...

Oh Daniel... Nunca te tinha visto como poeta.. mas isto está mesmo bom!

Sem dúvida alguma que a morte é covarde, preguiçosa e aleatória! Goste mesmo, mas mesma da tua caracterização!

Continua a escrever, porque eu já estou encantada (e olha que não sou muito dada à poesia) * ;)

antóniobilelo disse...

GNOMA
[Adolfo Luxúria Canibal / Miguel Pedro]

Dá-me mais quero mais
Desse vinho bem forte
Acre sol estival
De uma vida em desnorte
Já perdi o que tinha
A família a consorte
Para ser mero pó
Falta só vir a morte a morte

Tem calma irmão
Que a morte está aí para todos nós
E à parte as mães
Ninguém pode afirmar de viva voz
Que deixa cá algo
Quando a vida nos solta enfim os nós

Serve então mais um copo
Uma noite a beber
Não fará mal pior
E dará p’ra esquecer
O vazio que me ataca
Esta dor de viver
A feroz solidão
Que me faz q’rer morrer morrer

Tem calma irmão
Que a morte não precisa do teu sim
É coisa certa
Mais vale fazer da vida um festim
Canta antes dança
Que a vida não te surja mais ruim

Cantar eu?

Dançar dizes tu...

Serve então mais um copo para ajudar

Tem calma irmão
Que a morte não precisa ser assim
Canta e vais ver
Que a vida não te larga mais por fim